Museu de Mineralogia Aitiara

Ao pensarmos museu, pensamos em memória. E que colossal memória nos oferece a mineralogia e a História da Terra. A primordial, base da vida. Museu é arte, cultura e ciência. Para nós é também doação, generosidade, empenho. Virtudes ligadas ao nome de Erich Otto Blaich, doador do acervo que deu base ao MuMA – Museu de Mineralogia Aitiara. À sua volta, durante anos, dificilmente alguém ficava parado: fervilhavam ideias, ações, práticas e muita coragem. Como ele dizia, em seu português carregado do sotaque alemão, sem distinguir sexo ou idade: "Coragem, homem!" Durante décadas realizou bazares com minerais para arrecadar dinheiro para a construção de salas de aula nas escolas de pedagogia Waldorf.


A Escola Aitiara, que hoje abriga o MuMA, teve sua construção inicial auxiliada por esses bazares e, ainda hoje, o MuMA colabora anuamente com a Escola.


O acervo que o Professor Blaich construiu ao longo da sua vida, início riquíssimo do que hoje constitui o MuMA, cresceu com a vocação de ser sobretudo um apoio pedagógico, uma interface do conhecimento não formal da geologia e da mineralogia. Já naquela época, aos olhos do Professor Blaich, significava um olhar cruzado com a escola. Um especialíssimo laboratório para as aulas práticas, seja de cursos básico e universitário, seja de cursos livres.


Seu acervo habitou caixas fechadas durante muitos anos - só as baratas podiam ver, dizia de forma bem humorada! Somente em 2006, com a construção do ensino médio da Escola Aitiara e com as dificuldades financeiras para o término das obras, a soma de dinheiro amealhada durante anos para a construção do Museu foi novamente usada para socorrer a Escola. Em contrapartida, foram disponibilizados um pequeno depósito e uma sala, onde se instalou a sua coleção.


Eram tempos de muito entusiasmo e pouquíssimo dinheiro. Mesas formadas com cavaletes e portas inutilizadas receberam, pela primeira vez, a coleção. Durante dois anos o “museu” foi visitado de uma forma, digamos, “pouco museológica”. Mas a beleza do material e a paixão superavam qualquer amadorismo expositivo. Entre 2006 a 2008, recebemos algumas classes de alunos, pedindo uma pequena contribuição e oferecendo, para compra, os minerais de nossa Lojinha. Como resultado dessas visitas, pudemos construir alguns móveis, e formalizamos o processo, constituindo uma pessoa jurídica sem fins econômicos, mantenedora e proprietária do acervo. O grande gesto da doação estava sacramentado, cumprindo a vontade do doador.


No ano de 2008 inauguramos oficialmente o espaço, com toda a coleção nas prateleiras e uma narrativa expositiva que apresentava as rochas e os minerais de forma mais sistemática. Trabalhávamos com afinco e muita intuição. Foi o renascimento da coleção deste mineralogista autodidata e artista plástico por profissão que foi o Professor Blaich. A sua morte em 2011, aos 91 anos, abriu novo momento para o Museu. Sem a sua presença marcante, a instituição trilhou o caminho dos museus de geociência. Todo o material foi classificado e elaborou-se um banco de dados para consultas.


O ano de 2014 é um marco para a instituição: nova identidade visual expositiva moderna e eficiente, iluminação adequada, painéis educativos. O MuMA se aproximou dos conceitos museológicos e expositivos. Hoje, passados pouco mais de 10 anos desde a criação, caminhamos para a sede própria do MuMA . Contamos novamente com a doação e a generosidade, desta vez da Associação Cambará, para nos instalarmos no prédio que foi outrora um laticínio orgânico. Construído com arquitetura antroposófica, a parte física que abrigará o acervo já é por si uma narrativa museológica. Somos um museu particular, mineralógico, histórico e cultural, que cresceu de forma sustentável, com muita paixão e trabalho doado pelos profissionais envolvidos.


Neste resumido histórico expressa-se nosso sentido de missão. A  mineralogia é desenvolvida a partir de uma relação primordial com a vida. Finitude e infinito se confrontam sem, contudo, contradizer-se. Quase surreais, cores e formas produzem espanto e êxtase. Nesta dinâmica, onde a coleção se torna pública e vai além do olhar do colecionador, acontece a ampliação de interpretações e suas novas redes, pois sua busca produziu e impulsionou a ciência. Potencializa-se a relação estabelecida entre coleção, sociedade e instituição na concretização de um fato holístico que nos remete ao universo, sem limites temporais ou físicos, como bem expressou a museóloga Cecília Machado.


Do ponto de vista interno, o MuMA desenvolveu alguns projetos ligados aos saberes da geociência, com destaque especial para o ProSag - Programa Educativo para divulgação, valorização e conscientização sobre a relevância do Sistema Aquifero Guarani. Neste programa, cumprimos uma das premissas dos museus, ser um espaço de mediação social, para atuar além das fronteiras geográficas da instituição. Através do incentivo da Secretaria Estadual de Cultura do Estado de São Paulo, uma exposição itinerante foi construída sobre um trailer para apresentar a geologia do Guarani. Um artigo científico do geólogo Celso Dal Ré Carneiro foi adaptado por Fernando Vasques e Marina Quinan, para se transformar em uma apresentação lúdica e bem humorada, onde dois primos brejeiros se encontram e conversam sobre a Mãe Terra. Dentro do trailer, uma exposição com maquete interativa sobre o sistema das águas na região das cuestas arenítico basálticas, réplicas do Antigo Deserto Botucatu, amostras de rochas e minerais, entre outras peças, com curadoria de Berenice Balsalobre.


Completa o projeto, uma oficina artística onde as coloridas areias dos arenitos da região são transformadas em pigmentos e tintas para as pinturas.


O projeto percorreu muitas cidades, instituições escolares, departamentos oficiais, congressos, praça pública. É um projeto que se mantém vivo e contínuo, de caráter itinerante. Dentro deste caminho pedagógico e de mediação com as questões sociais ligadas à geociência, nasceu o ProSag, levando conhecimento e consciência ambiental sobre o gigante Guarani.

Contato

Telefone para contato: (14) 997546694

Email: museu.muma@gmail.com

Endereço

Rodovia Gastão dal Farra , Km 4, Demétria
Botucatu, SP (região Sorocaba) (Polo SISEM-SP 5)
CEP 18615-512

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