Museu de Arqueologia Regional

O Museu de Arqueologia Regional (MAR) da FCT/UNESP, campus de Presidente Prudente, foi inaugurado no dia 5 de maio de 2016, às 15 hrs. O MAR está localizado no Núcleo Morumbi da Unesp, sito à Rua Cyro Bueno, 40, no Jardim Morumbi.

O Museu de Arqueologia Regional é composto pelo Laboratório de Arqueologia Guarani e Estudos da Paisagem (LAG), uma sala de exposições, duas reservas técnicas, uma sala de informática, uma área para a realização de oficinas de Educação Patrimonial e uma área para leitura. Todos os espaços estão abertos à visitação da comunidade e para pesquisadores da área de Antropologia/Arqueologia e de Educação Patrimonial.

O Laboratório de Arqueologia Guarani e Estudos da Paisagem trabalha junto com a comunidade na evidenciação e registro de sítios arqueológicos no Estado de São Paulo. Além disso, faz curadoria e estudo de materiais líticos e cerâmicos pré-históricos, e estudos do patrimônio histórico (vestígios de edificações, louças, porcelanas, vidros, metais).

A curadoria e a pesquisa realizada a partir do objeto museológico viabiliza a constituição do que entendemos ser um museu. As curadorias e as pesquisas realizadas no Laboratório de Arqueologia Guarani e Estudos da Paisagem viabilizaram as exposições presentes no Museu de Arqueologia Regional da FCT/UNESP.

Além das curadorias e pesquisas, o LAG realiza o restauro de vasilhas cerâmicas indígenas pré-históricas para apresentá-las à comunidade. O estudo de técnicas de restauro de vasilhas arqueológicas tem contribuído para a divulgação da cultura de grupos indígenas cuja importância para a formação da cultura brasileira é reconhecida. No Museu de Arqueologia Regional da FCT/UNESP, se não usássemos os recursos do restauro, teríamos pouco a expor, empobrecendo o acervo e privando a comunidade da visualização e contexto dessas peças.

O Museu de Arqueologia Regional apresenta materiais arqueológicos de  grupos indígenas agricultores Guarani (grupo Tupi-Guarani), Kaingang e Kaiapó (Grupo Jê) pré-históricos, representados por cerâmicas, pedras lascadas e pedras polidas, assim como de grupos caçadores-coletores, representados por pedras lascadas (notadamente pontas de flecha, raspadores e furadores). Esses materiais apresentam contextos de sítios datados de 250 a 1.668 anos Antes do Presente. A exposição visa mostrar à comunidade a história desses índios, que hoje estão mortos e já não podem contar suas histórias com palavras. No entanto, eles as contam por meio dos seus objetos. Os visitantes - com agendamento - podem realizar oficinas como a de argila (confecção de potes), arte rupestre, pintura em cerâmica Guarani e de lascamento em pedra.

O Museu possui duas reservas técnicas, nas quais são realizadas ações de manutenção e conservação do que está exposto e do que será exposto. As reservas técnicas tem a função de guardar as peças do acervo não expostas. Essa área é tão importante quanto o Museu - entendido como o acervo exposto - pois dá suporte às atividades museológicas. A reserva técnica guarda os materiais que esperam ou estão nas fases de curadoria e análise e que, eventualmente, ainda irão para exposição no Museu. A reserva técnica constitui-se em espaço do Museu, assim como o laboratório e os espaços reservados para os programas de educação patrimonial.

As ações do Museu de Arqueologia Regional da FCT/UNESP visam levar à comunidade o que é produzido na universidade, em parceria com Prefeituras, empresas, educadores e outros atores, de modo a contribuir para o desenvolvimento de cidadãos conscientes sobre o conhecimento arqueológico, a valorização e a conservação do passado arqueológico e histórico do Estado de São Paulo. O Museu possui o mérito de nascer das reinvindicações da comunidade, que vem doando, ao longo do tempo, peças arqueológicas para o LAG. Cremos que, por isso, esse acervo – embora legalmente patrimônio da União - pertence a essa mesma comunidade e é por ela valorizada, que colabora efetivamente para ver a história dos índios preservada e divulgada. Essa cooperação sempre esteve presente em cada etapa da organização e criação do Museu.

O Museu, desenvolve atividades ligadas à educação patrimonial, voltadas a vários segmentos da comunidade, não só com o objetivo de valorizar e preservar o acervo, mas também para cumprir seu papel devolutivo à sociedade dos resultados de suas pesquisas, de forma a beneficiá-la.

Desse modo, beneficia-se igualmente a ciência, pois o trabalho junto à comunidade traz novas inquietações para o pesquisador (como, por exemplo, nas metodologias de educação patrimonial) e ganham todos - professores, alunos, funcionários e visitantes - porque sentem que o que está exposto tem significado e contribui para a educação pública, investindo na construção de uma sociedade mais humana, que valoriza o que é seu, valorizando o que é do outro.

Dentre as ações desenvolvidas pelo setor educativo do Museu de Arqueologia Regional da FCT/UNESP estarão as visitas monitoradas, as oficinas de argila, de pintura de motivos Guarani em cerâmica, de arte rupestre, de lascamento em pedra, de escavação e de curadoria. Além das oficinas, serão ministrados cursos de atualização para professores, o que inclui a preparação de materiais didáticos.

As visitas monitoradas tem como objetivo tornar conhecidas as etapas do tralho do arqueólogo no campo e no laboratório e a origem e história das peças em exposição, bem como informar sobre o modo de vida dos índios que confeccionaram os objetos. O objetivo é apresentar o museu como um todo: pesquisas de campo, curadoria, pesquisas de laboratório, exposição dos materiais estudados, educação patrimonial e publicações.

De acordo com a Comissão Internacional de Museu (ICOM), museu é “toda instituição permanente aberta ao público, sem fins lucrativos, que adquire, conserva, pesquisa e expõe coleções e objetos de caráter cultural ou científico para fins de estudo, educação e entretenimento” (ICOM, 1956). Tal definição implica atribuir aos museus as funções de pesquisar, conservar e expor suas coleções, estabelecendo comunicação entre o pesquisador e o público. É nesse sentido que foi pensado o Museu de Arqueologia Regional da FCT/UNESP. O nosso país precisa preservar seu patrimônio. O nosso país precisa de mais museus.