Centro de Museologia, Antropologia e Arqueologia

O Centro de Museologia, Antropologia e Arqueologia – CEMAARQ, da Faculdade de Ciências e Tecnologia -FCT/UNESP, foi constituído a partir da união de dois laboratórios existentes nos anos 1990.

Um deles, era ligado ao Museu Etnográfico:

Em 1972, com a cooperação de alunos dos Cursos de Ciências Sociais e de Geografia da então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Presidente Prudente, a Profa. Dra. Ruth Kunzli iniciou a coleta de material de origem indígena, com o objetivo de aliar a observação à teoria, já que nesses cursos eram ministradas as disciplinas: Antropologia Física, dando origem ao Museu Etnográfico. ... Em 1980 o Museu Etnográfico foi transformado em Laboratório de Estudos Antropológicos, pois o Estatuto da recém criada UNESP não previa a figura de Museu Pedagógico, a cujo modelo mais se aproximava aquele da FCT. O Laboratório ficou ligado administrativamente à Seção de Atividades Complementares (depois Seção de Atividades Ambientais) e hoje está vinculado ao Departamento de Planejamento (Processo FCT/Unesp 1608/2000, p. 11-12).

O Museu Etnográfico, criado em 1972 na então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, foi responsável pela guarda, manutenção, exposição e pesquisa de artefatos indígenas contemporâneos, sobretudo brasileiros, bem como por sua reserva técnica. Em 1980 o Museu Etnográfico foi transformado em Laboratório de Estudos Etnográficos (Processo FCT/Unesp 1608/2000, p. 12).

O Laboratório de Estudos Arqueológicos foi criado em 1983, com o objetivo de dar suporte à pesquisa arqueológica que passou a ser desenvolvida pela equipe de Arqueologia da FCT/UNESP, a partir do primeiro sítio, achado naquele mesmo ano (Processo FCT/Unesp 1608/2000) – o Sítio Arqueológico Alvim. Trata-se de uma grande Aldeia Guarani associada a um assentamento jesuíta e um assentamento de grupo caçador-coletor localizados, em forma de palimpsesto, no Município de Pirapozinho. O Laboratório de Estudos Arqueológicos, inicialmente, foi locado em uma sala do Discente I da FCT/UNESP (FACCIO, 1992, 2011).

Em 13 de dezembro de 2000 foi criado o CEMAARQ a partir da junção do Laboratório de Estudos Etnográficos e do Laboratório de Estudos Arqueológicos; lá estão, hoje, ambos os laboratórios e os seus respectivos acervos (Portaria FCT/UNESP 486/2000).

O CEMAARQ tem como objetivos: a) desenvolver pesquisas nas áreas de Arqueologia e Etnografia, futuramente também Paleontologia; b) acondicionar devidamente os três acervos; c) divulgar os conhecimentos resultantes das pesquisas através de exposições de longa duração, temporárias ou temáticas (CEMAARQ, 2020).

O CEMAARQ tem o compromisso de colocar-se a serviço de uma sociedade em constante transformação, orientando os trabalhos desenvolvidos a fim de sensibilizar os indivíduos sobre o seu patrimônio cultural, empreendendo um diálogo constante com diferentes públicos que o frequentam (CEMAARQ, 2020).

O acervo arqueológico brasileiro conta com líticos lascados e polidos e cerâmicas, que se constituem em Patrimônio Nacional. São pontas de flechas, machados, raspadores, cortadores, dentre outros, pertencentes a populações pré-históricas. Os líticos polidas são constituídos por lâminas de machado, mãos de pilão, almofarizes, virotes e tembetás. As vasilhas cerâmicas Guarani apresentam variadas formas, tamanhos e decorações (CEMAARQ, 2020).

No âmbito das pesquisas arqueológicas, o CEMAARQ desenvolveu o “Projeto Arqueológico Décima Região – SP”, os “Projetos de Salvamento Arqueológico de Porto Primavera”, Fases I e II (CEMAARQ, 2020) e a subcoordenação do Projeto Paranapanema, na área do Baixo Paranapanema. As pesquisas provenientes desses projetos geraram um dos acervos arqueológicos mais importantes do Oeste do Estado de São Paulo.

Da Pré-História Europeia o CEMAARQ conta com uma coleção de réplicas provenientes do Museu de Homem - de Paris - representada por pedras lascadas, folhas de loureiro e punhal; arte rupestre, esculturas (“vênus”, hiena e cabeça de cavalo); gravuras (mamute, cervo e peixes) e machados da Idade do Bronze. Ainda apresenta uma coleção com moldes de crânios, representando chipanzé, Australopitecus e Homo Sapiens Fóssil, provenientes da Alemanha.

O acervo etnográfico constitui-se de aproximadamente 2.500 peças de artefatos indígenas contemporâneos, composto por réplicas de Cerâmica Marajoara e Santarém, armas e cestaria (zarabatanas, arcos, flechas, tacapes e tipitis); instrumentos musicais bolivianos e peruanos (flautas, apitos, maracás, tambor e reco-reco); adornos (labretes, botoque, tembetás, pulseiras, anéis, pentes, presilhas para os cabelos, máscaras, colares, cocares e diademas) (CEMAARQ, 2020).

O acervo paleontológico é composto por peças fósseis de sáurios, quelônios e crocodilianos, acompanhados de painéis explicativos (CEMAARQ, 2020).

Referências

CEMAARQ. CEMAARQ. Disponível em: http://www.fct.unesp.br/#!/extensao/cicuito-científico-cultural/cemaarq. Acesso em: 9/9/2020.

FACCIO, Neide Barrocá. Estudo do Sítio Arqueológico Alvim no Contexto do Projeto Paranapanema. 1992. 154 f. Dissertação de Mestrado (Mestrado em Ciências – Área de concentração: Arqueologia) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.

FACCIO, Neide Barrocá. Arqueologia dos cenários das ocupações horticulturas da capivara, Baixo Paranapanema. 1998. 295 f. Tese de Doutorado (Doutorado em Ciências – Área de concentração: Arqueologia) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.

Portaria FCT/UNESP 486/2000. Regulamento do Centro de Museologia, Antropologia e Arqueologia, da FCT/UNESP, Presidente prudente, 2000.

Processo FCT/Unesp 1608/2000. Implantação do Centro de Museologia, Antropologia e Arqueologia da FCT/UNESP, Presidente Prudente, 2000.

Obs.: Texto organizado por Neide Barrocá Faccio e Nikele Maiara Milani.